Mutação da Alma

A mesma força que faz na crisálida a lagarta transformar-se lentamente em borboleta, faz da minha alma uma metamorfose contínua.

Faz um tempo que não consigo me expressar através das letras. Além do fato de que, eu não consigo entregar-me a escrita vazia, sem sentir, viver ou refletir, por considerar uma auto-traição. Teve o fato, de que por vezes tentei esboçar algo, mas minha alma não liberava meus sentimentos. Meus pensamentos estiveram presos dentro de mim por um bom tempo.

Fiz reflexões profundas sobre: Deus, sobre mim mesmo, sobre a vida, sobre o mundo, sobre as pessoas conhecidas e desconhecidas. Algumas dessas reflexões chegaram a latejar em minha mente como címbalos sonoros, outras causaram frescor a alma combatente e promoveram um turbilhão de emoções, ás quais não saberia nem explicar. Tive pensamentos intensos, alguns duraram a madrugada toda, me trouxeram alegrias e motivação. Já outros passaram por segundos, mas me causaram dor e indignação, infelizmente não pude os liberar e compartilhar com àqueles que vêm aqui á procura de letras, que em conjunto uma com as outras façam algum sentido. Sem dúvidas deixei de compartilhar muita coisa, mas quando falta inspiração, as letras fogem e embaralham-se como caça palavras impossíveis de serem alcançadas.

Sem mais embromação, o assunto que me traz até aqui hoje é a ''mutação da alma'’. Embora crescidos naturalmente, continuamos a portar-nos feito seres pequenos, em plena iniciação vital. Por vezes agimos como um bebezinho que mal pode discernir o mundo que o cerca, por outras fingimos que nossa realidade é aquilo que escolhemos enxergar, como se o mundo não fosse formado de inúmeras realidades advindas de diferentes cenários com diferentes ‘’atores’’.

Durante a minha vida, não que haja muitos anos dela, aprendi que não conhecemos muito bem tudo aquilo que já vimos ou vivemos. Já avistei tantas coisas, ás quais, se quer tive conhecimento do que eram ou poderiam ser. E as coisas que vivi sem ao menos parar pra refletir ou mesmo sentir o que significavam ou poderiam vir a significar? Ter olhos e não enxergar, ter conhecimento sem entender, saber sem processar. É como comer e não sentir o gosto. Simplesmente não faz sentido.

Segundo alguns estudos psicológicos, o conhecimento é a compreensão do modo de construção ou de transformação de objetos e/ou acontecimentos. Diante dessa verdade fica a incógnita de conhecer-se a si mesmo. Seriamos capazes de compreender nossa construção? Pra mim, a grandiosa capacidade humana, porém limitada, nunca permitiu tal fato. Não que não tenhamos tentado. É diante dessa realidade que meus olhos voltam mais uma vez para a Pessoa de Cristo e seus ensinamentos.

Quando Cristo diz: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” - Ele certamente sabia/sabe que somos incapazes de nos conhecer por completo, mas ainda assim, conhecendo-nos pela metade somos capazes de nos amar. Nos amamos tanto que ficamos egocêntricos. Desejamos as melhores coisas imagináveis e inimagináveis para nós mesmos, lutamos com unhas e dentes para obtê-las. Muitas vezes passando por cima dos demais, que diante desse ‘’auto-amor’’ ficam em segundo plano. Nosso entendimento precisa de renovação.

Sem dúvida Cristo sabia/sabe que precisamos nascer de novo, e nos ofereceu isso através da cruz. E por isso Ele clama para que amemos o outro como amamos a nós próprios: mesmo sem compreendê-lo, o ame como você também se ama. Mas pra isso, é preciso deixar de se ter como o centro de todas as coisas(chega de egocentrismo), faça que Jesus seja o centro. Só assim é possível desejarmos coisas imagináveis e inimagináveis também para os outros, e até lutar para que eles a obtenham, e isso sem ter que passar por cima de alguém. Tendo Cristo como o centro de todas as coisas, e não mais a você, sua busca será por relacionamento interpessoal. É apartir desse relacionamento, que começamos a crescer em espírito, e através dessa mutação da alma compreendemos a transformação, que é fruto do novo nascimento. Existem pessoas ao seu redor e por mais que vc ás conheça, nunca poderá conhece-las por completo, ame-as mesmo assim. 

“O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.Jo.3:6”

Em Cristo adquirimos uma nova vida, agora espiritual, mas não estática. Assim como o desenvolvimento da criança carnal é visto por meio da evolução das relações interpessoais, também a evolução da criança espiritual se dá pelo relacionamento com Deus que reflete no proximo. Ao contrário do ser carnal que é incapaz de compreender sua construção o ser espiritual se torna consciente de sua transformação, ele conhece á Verdade, e, é liberto por ela(Jo.8:32). 

É como se houvessem vendas nos olhos, e essas fossem arrancadas, a visão que antes estava escurecida pela cegueira conhece a luz, e aos poucos vai assimilando as imagens até identificar por completo as realidades que nos cercam.

"E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.Rom.12:2"

A mutação da alma, permite conhecer e entender, saber e processar. É o alimento com sabor(Jo.6:51). Faz todo sentido. Não deixe que o susto do conhecimento e a curiosidade pelo inexplicável te façam esquecer de que voce é aquilo que você faz. 

Somos como a lagarta que se encontra presa dentro da crisálida onde ocorre o processo de crescimento, pra que nasça do verme um agente polinizador, que cria asas pra voar e relacionar-se com a natureza. Sem metamorfose, não existe borboleta. Sem mudança não existe cristão.

Mas então porque será que embora crescidos naturalmente, continuamos a portar-nos feito seres pequenos, em plena iniciação vital. Por vezes agimos como um bebezinho que mal pode discernir o mundo que o cerca, por outras fingimos que nossa realidade é aquilo que escolhemos enxergar, como se o mundo não fosse formado de inúmeras realidades advindas de diferentes cenários com diferentes ‘’atores’’?

Necessário vos é nascer de novo.

Por Cris Corrêa