Katharina Von Bora e Lutero |
NÃO EXISTE FEMINISTA CRISTÃ
A Reforma foi um grande motivador para a erudição feminina, permitiu a muitas mulheres o acesso à leitura e uma forte motivação para que elas se alfabetizassem, me causou espanto que Simony diga-se de uma Igreja Reformada e acuse-a de “machista opressora”. Por isso, fiz questão de prestar bastante atenção em cada afirmação da autora.
Embora tenha tentado passar a idéia de que usava Lutero como base de sua argumentação, pra mim, ficou bem claro que Simony baseia toda tese da ''feminista cristã'', em sua experiência pessoal, que está nitidamente afetada pelo pensamento feminista moderno, e, não na Tradição Reformada, ou mesmo no Cristianismo, como tenta explicar. Ela diz que sua igreja é de "tradição reformada", mas não cita o nome de sua denominação, o que enfraquece a credibilidade. Muitas denominações, por não serem católicas romanas, se auto intitulam de ''tradição reformada'' sem que de fato sejam. E como saber que são? Conhecendo a História do Cristianismo, e da própria denominação a que faz parte, o que a autora em questão, demonstra não conhecer. Talvez ela até seja de uma igreja Reformada, mas, com base nas próprias declarações, fica nítido que ou não frequenta com muito entusiasmo, ou tem dificuldade de compreender o Evangelho.
A primeira prova de que Simony desconhece a origem da própria fé que diz seguir, é sua citação sobre Lutero como um dos pais da Igreja Reformada, quando na verdade ele foi um dos principais responsáveis pela Reforma Protestante, considerado um dos pais da Reforma, e, não das Igrejas Reformadas. A Reforma Protestante se refere a um período da História do Cristianismo, e segundo o historiador Alister McGrath:
"O termo "Reforma" é usado em diversos sentidos, e é útil distingui-los. Como empregado na literatura histórica, o termo "Reforma" geralmente se refere a quatro elementos: o luteranismo, a Igreja Reformada (geralmente chamada de calvinismo), a Reforma Radical (geralmente chamada de anabatismo) e a Contrarreforma ou Reforma Católica. No seu sentido mais amplo, usa-se o termo "Reforma" para designar todos os quatro movimentos". - O Pensamento da Reforma, pag. 22, ed. Cultura Cristã
Calvino foi o principal nome quando se refere a Igreja Reformada, não Lutero. Porém, como Lutero foi bastante citado no texto, é importante nos concentrarmos nele para denunciar mais uma das tantas incoerências do texto. Martinho Lutero foi o homem que lutou pelo livre exame das Escrituras, o acesso dos leigos a ela, mas é também o responsável pelo famoso ''grito'': Sola Scriptura, que significa Somente a Escritura. A Bíblia contém toda a Verdade, e somente ela deve ser a fonte de regra de fé e conduta de todo cristão. Simony quer achar em Lutero apoio para seus devaneios, mas rejeita a soberania da Escritura. Sua declaração: “o feminismo me possibilitou entender melhor o mundo”, denuncia isso, e faz da autora uma feminista, não uma cristã reformada como diz ser. Ora, um cristão reformado tem como sua principal fonte de leitura da realidade, a Escritura, não o feminismo ou qualquer outra ideologia. Pegar Lutero como exemplo de protesto, mas se negar a abraçar os motivos que o levaram a protestar, é desonesto.
Um dos principais erros que nossa geração comete é achar que a razão humana pode produzir alguma verdade sem estar contaminada pelo pecado, com isso colocam a Bíblia como fonte secundária de conhecimento, e passam a adotar ideologias secularizadas e carregadas de princípios contrários aos que a Escritura nos ensina. Na página 45 do livro "Verdade Absoluta", de Nancy Pearcey, diz:
"Todo sistema de pensamento inicia-se em algum princípio último. Se não começa com Deus, começa com uma dimensão da criação — o material, o espiritual, o biológico, o empírico ou o que quer que seja. Algum aspecto da realidade criada será "absolutizada" ou proposta como base e fonte de tudo o mais — a causa não causada, o existente por si mesmo. Para usar linguagem religiosa, esta realidade última funciona como o divino, se definimos o termo com o sentido de uma coisa da qual todas as outras dependem para existir. Esta pressuposição inicial tem de ser aceita pela fé e não por raciocínio prévio. (Caso contrário, não é de fato o ponto de partida supremo para todo raciocínio; logo, temos de continuar procurando algo para começar dali). Neste sentido, diríamos que toda alternativa ao cristianismo é uma religião. Pode não envolver ritual ou cultos de adoração, todavia, mesmo assim, identifica algum princípio ou força na criação como a causa auto-existente de tudo. Até os não-crentes mantêm alguma base de existência última, que funciona como ídolo ou falso deus. É por isso que os "escritores da Bíblia sempre tratam o leitor como se já acreditasse em Deus ou em algum deus substituto", explica o filósofo Roy Clouser.* A fé é uma prática humana universal, e senão for dirigida a Deus será dirigida a outra coisa.”
O feminismo apresenta-se como uma visão alternativa ao Cristianismo, ele defende uma criação paralela ao Gênesis, pois considera machista a própria criação da mulher a partir da costela do homem. Aliás, para o feminismo toda relação humana em que a mulher não apareça ocupando status igual ou superior ao homem, é opressora, patriarcal e machista. No feminismo a ''redenção feminina'', conhecida como emancipação, ocorre quando há: empoderamento feminino, que na prática implica em exercer poder sobre os homens. Portanto, não há como servir a Deus ao mesmo tempo em que abraça o sistema de pensamento que acompanha o feminismo. Ambos são antagônicos.
Embora a autora siga dizendo que foi ''iluminada'' através de uma leitura bíblica, ela demonstra desconhecer completamente o ensino da Escritura que jamais restringiu submissão ao gênero, por exemplo. A idéia de: "se submeter uns aos outros em amor", é um princípio básico do Cristianismo, e isso não implica em perder a autonomia, pelo contrário, se é no exercício da convivência, na capacidade de doar-se ao próximo em amor que enxergamos a graça da natureza divina que nos foi revela em Cristo, essa submissão, esse serviço que prestamos ao outro é muito mais revelador do que fechar-se em si mesmo. É certo que o próprio Deus submeteu-se a humanidade encarnando na Pessoa de Cristo, e submisso ao Pai se entregou a morte por amor a nós, e nem por isso deixou de ser Deus. Isso nos revela que submissão não é anulação de “poder”, e sim demonstração de humildade, entrega e amor. Portanto, submissão é um princípio cristão, e entendê-lo como opressão é rejeitar o exercício da fé. Ou a mulher abraça o conceito de ''empoderamento feminino'', ou ela crê no princípio de submissão cristã.
Abraçar o discurso feminista leva a questionar, ainda que de forma implícita, a Verdade revelada na Escritura como absoluta. Por isso Simony vê a mulher que é ensinada a sujeitar-se ao seu cônjuge, como oprimida, antes mesmo de refletir através de princípios bíblicos, sobre o que significa submissão cristã. Para ela a orientação bíblica passou a ser uma "opressão machista", porque é isso que o movimento feminista diz. Mas, a submissão, ou "servidão" (como preferir), que a Bíblia diz que deve existir da parte da mulher para com seu cônjuge, se dá a um esposo que em troca dessa dedicação é capaz de sacrificar sua própria vida em favor dela, logo, não há ninguém perdendo nada, ou muito menos se negando mais que o outro. É submissão (servidão) mútua, uma troca justa. O motivo principal de Paulo fazer a analogia do amor de Cristo pela Igreja com o amor do esposo a mulher, é esse: de que um homem submisso a Deus é capaz de entregar sua vida em favor de sua mulher, como Cristo fez para com a Igreja. E a mulher que se submete ao marido assim como submete-se a Cristo, adquire o respeito necessário para vê-lo como o “cabeça de seu lar”, assim como Cristo é o Cabeça da Igreja. Para ilustrar o casamento, a Escritura toma como exemplo o próprio relacionamento de Cristo com a Igreja, é exatamente a mesma base de relação. A Bíblia nos chama de servos, amigos e irmãos de Cristo ao mesmo tempo, mostrando que se o princípio é o amor não há dificuldades em servir, ser ouvido e respeitado e muito menos em ser companheiro e parceiro na convivência.
Só o fato de Simony declarar que: “mulheres não podem ter cargos importantes na igreja”, já demonstra claramente que sua mente está contaminada por uma mentalidade anticristã, denuncia o quanto seu cristianismo é falso e superficial, assim como seus conceitos têm por base o Feminismo, não a Escritura. O ensino cristão chama o homem (indivíduo) a considerar o outro superior a si mesmo, e em momento algum apresenta cargos ministeriais como hierarquia de poder, principalmente dentro de Igrejas Reformadas.
Que tipo de pessoa vai a um culto e ao invés de cultuar a Deus, fica indignado com o fato do pastor ser um homem, e não uma mulher? Uma feminista, não um cristão.
A autora é incapaz de enxergar o quanto a figura feminina tem grande influência na Igreja, é ela (em maioria), que fica responsável pela evangelização das crianças, influenciando diretamente a nova geração de fieis desde sua base. Elas são (em maioria) as musicistas responsáveis pela programação que mais ocupa espaço em um culto congregacional, ocupam cargo de diaconato, secretariado, vice-presidência, tesouraria, etc. Todos com grande responsabilidade e são igualmente importantes para que uma comunidade cristã mantenha seu equilíbrio. Uma Igreja não é uma empresa, por isso não há um chefe, a Igreja é um organismo, um Corpo, por isso só há um Cabeça, que é Cristo.
É certo que a Bíblia não apresenta nenhuma opressão à mulher, pelo contrário, ela está cheia de exemplo de força e coragem que trazem figuras femininas protagonizando histórias impressionantes, mas nunca apresenta que deve existir um poder feminino, ou mesmo, uma soberania masculina, é sempre Deus o Soberano e o Poder é Dele, nós homens, somos igualmente pecadores necessitados da Misericordiosa Graça de Cristo.
Ao fim do texto, a autora cita João 8:32 para tentar dar sentido a sua afirmação de que a tal “verdade” que ela diz ter encontrado na Bíblia através do feminismo, é real. Mas, ignora o versículo 31, que é justamente o que dá sentido ao 32:
Ao fim do texto, a autora cita João 8:32 para tentar dar sentido a sua afirmação de que a tal “verdade” que ela diz ter encontrado na Bíblia através do feminismo, é real. Mas, ignora o versículo 31, que é justamente o que dá sentido ao 32:
"Se permanecerdes na minha Palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." - (João 8:31-32)
A confirmação de que é a nossa permanência na Palavra (Escritura), que nós faz discípulos, cristãos, foi completamente ignorada por ela. O Sola Scriptura de Lutero, parece não fazer sentido para a autora, que precisa conhecer mais sobre o que discursa.
Não existe “feminista cristã”. Não tem como ler a Bíblia pela ótica feminista para sustentar conceitos equivocados. Simony apresenta um conceito de “verdades”, que é extra bíblico, para o cristão, só há uma Verdade que é Cristo, é através dessa Verdade que enxergamos o mundo, e se ela precisou do feminismo pra ver o mundo, é porque está completamente distante da liberdade que há em Cristo Jesus. Não tem como cristãos seguirem afirmando que há alguma verdade paralela que traga libertação, ou cremos ser Cristo que liberta, ou estamos negociando a fé.
A Pessoa de Cristo é a Verdade (Logos Divino), o Caminho (por onde se percorre) e a Vida (o fôlego da existência). Ele é a Verdade absoluta, por isso é importante que nossa visão tenha por base Sua Palavra. O verdadeiro amor ao conhecimento está em amar a Deus sobre todas as coisas, "... de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças, e ao teu próximo como a ti mesmo." (Lucas 10:27). Cristo é a única Verdade que liberta o homem através do conhecimento, isso nenhuma ideologia é capaz de fazer. Principalmente se vier com lupa feminista. – Sola Scriptura!
•°o.O Postado por Cris Corrêa O.o°•
Esperei muito por esse texto! Não conheço pessoa melhor para ser autora dele! Concordo até com as vírgulas! Só quem realmente teve seu caráter transformado por Cristo, é capaz de ler a Bíblia como uma carta de amor e não como um livro machista e opressor. Sola Escriptura!
ResponderExcluirObrigada querida! -- Confesso que as vezes tenha preguiça de falar sobre isso rsrs... mas com a forte influencia do feminismo nas mentes da nossa geração, é importante esclarecer sempre. Beijos
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirEu não diria que este texto foi produzido por uma mulher que segue as ideias cristã,que pregou, pois não tem o mínimo de respeito a o ser a quem se remeteu. Você focou apenas no contexto dentro da igreja, mas se esqueceu do que acontece com as mulheres na rua, no brasil e mundo... 1 mulher morre a cada 1h e 30 min, porque há uma ideia cultural de posse sobre a mulher
ResponderExcluirobrigada pela sensatez, viviane
ExcluirSe as mulheres sofrem essas covardias, não é o feminismo quem ajuda e nem vai ajudar.
ExcluirOi Viviane, onde eu desrespeitei a quem confronto as idéias?
ExcluirNós vivemos em um país que coleciona o número absurdo de 60 mil homicídios por ano, onde 90,4% das vítimas são homens, em números, tem mais homem morrendo do que mulher. Só que, ao contrário de você eu tenho respeito pelo SER HUMANO, não apenas por mulheres, por isso não sou capaz de ignorar o tanto de homem que morre só pra focar no tanto de mulher que morre, eu falo sobre PESSOAS. -- E, as pessoas estão morrendo vítimas uma das outras porque lhes falta Deus.
Texto enriquecedor, sou cristã e esses assuntos sobre empoderamento, feminismo tem me rodeado, e fico pensando no que posso ajudar as mulheres da minha geração sobre esse assunto, à luz da Bíblia, é claro. Como influenciar de formar correta as mulheres cristãs para que não se contaminem com os pensamentos e ideologias deste século?
ResponderExcluirMostrando-lhes a realidade que é: O FEMINISMO É UMA FARSA. -- Cristãos não necessitam de ideologias, nós temos o Evangelho que não é uma ideologia, mas nossa ''boa nova'', essas ideologias deturpam a realidade e constroem uma narrativa equivocada do mundo, e da necessidade que ele tem de conhecer a única redenção, Cristo. Beijos
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