É DEUS QUE TE FALTA,  CARA-PÁLIDA 
 “Receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade...” (2Co 11.3)
Há  menos de um século nossas avós passavam algumas horas do dia preparando  a comida no fogão a lenha, outras tantas horas esfregando roupas num  tanque e estendendo-as no terreiro para quarar (significa: “clarear  roupa ao sol”) e depois levavam um longo tempo passando com ferro à  brasa. Tudo era difícil e demorado. Era um período em que se sonhava com  uma tecnologia onde a vida seria mais fácil,  haveria mais tempo livre e  as pessoas seriam mais felizes. 
Esse tempo chegou.  Compramos comida pronta nas prateleiras dos mercados ou a fazemos em  minutos no microondas. Lavamos toda a roupa em modernas lavadoras. Hoje  todos possuem o seu celular, computador e um carro na garagem. Mesmo as  classes mais pobres vão ao paraíso das compras. É inegável que todas as  áreas da vida sofreram uma tremenda revolução. 
Essa  profusão de possibilidades proporcionadas por um mundo globalizado  atingiu também a religiosidade das pessoas. Há religiões para todos os  gostos: orientais, esotéricas, africanas ou xamanistas. E de bônus pode-se buscar nos espaços holísticos, a meditação, yoga, astrologia ou wicca. 
Na  fé cristã agora o serviço é “a la carte”. Sob o argumento de que a  mensagem da fé antiga já não consegue mais atender aos anseios do homem  moderno, passou-se a formar igrejas “especializadas” que buscam a  satisfação total da clientela: cada um escolhe a que mais se adapta a  seus gostos e necessidades. Há um grande conglomerado da fé que foca seu  marketing nas enfermidades;  um outro desenvolve atendimento para  empresários que buscam solução para seus negócios; outro, oferece  ascensão social para as classes C e D; e também já temos comunidades que  atendem seus fieis por orientação sexual. Enfim, é a especialização da  fé centrada na “necessidade” dos clientes. 
Diante de tantas possibilidades, não podemos deixar de perguntar:  
O mundo está melhor? 
As pessoas estão mais felizes e com mais tempo para ficar com a família, passear e compartilhar de momentos juntos? 
A imensa variedade de doutrinas religiosas tornou as pessoas 
menos individualistas, mais tolerantes, mais preocupadas com o coletivo?  
Essa abundância de expressões de fé tem levado as pessoas a serem mais tementes a Deus, são mais enternecidas? 
A  percepção é clara: apesar de todos os progressos e a despeito das  variedades de escolhas ao nosso dispor, o mundo não está melhor.  
As  longas viagens do passado encurtaram, mas a distância entre as pessoas  aumentou. “Aprendemos a voar como os pássaros, a nadar como os peixes,  mas ainda não aprendemos a andar como irmãos” (Martin Luther King). 
Ao  mesmo tempo em que diminuíram as dificuldades nas rotinas diárias,  aumentou em proporção inversa o consumo de álcool, antidepressivos e  drogas para dormir. A ansiedade tomou conta dessa geração. Males antes  raros, como a Síndrome do Pânico ou a Síndrome de Burnout surgem como resultado do mal estar da modernidade. 
As  pessoas estão perdendo a capacidade de sentir, e a insensibilidade está  dominando a vida. Cada vez mais é preciso  exagerar, chegar aos  limites, porque os sentidos estão ficando embotados. Um bom show se mede  pela potência dos watts, um filme pela quantidade de efeitos especiais,  o sexo pela sua explicitude. São tentativas de estar o tempo todo  estimulado por “drogas” que tentam manter vivas na UTI almas adoecidas. 
Michael Jackson precisou construir um imenso parque de  diversões só pra ele, Neverland, imaginando que ali seria feliz.... É  uma Terra do Nunca, literalmente. Imelda Marcos, esposa de um ex-ditador  filipino, ficou famosa porque possuía três mil pares de sapatos. Se  usasse um por dia, levaria oito anos para experimentar todos. 
Este  é o mal do nosso tempo: a insensibilidade. Perdemos a capacidade de  sentir alegria... de sentir prazer... até mesmo sentir aquela tristeza  genuína que cura e nos torna humanos.
Quem vive à busca de sensações no mundo, irá fazer exatamente o mesmo  quando se tornar religioso: se não houver show, decibéis, luzes,  pirotecnias, fumaças....  não conseguirá “conectar-se” com o Sagrado. 
Olhe  para um leão enjaulado. Ele tem comida e tem segurança. Entretanto ele  está visivelmente estressado e anda  impaciente de um lado a outro.   Não, ele não necessita de mais comida, e pouco se importa de ter  proteção naquele lugar: ele quer liberdade e satisfazer o seu sonho que  está nos prados selvagens. 
Da mesma forma você não  precisa de um celular com design mais moderno com 4 chips, nem do novo  ipad, tablet ou um processador mais potente no seu laptop. De igual  modo, você não precisa ir à busca de estímulos sensoriais com a sensação  gospel do momento.... Pare com esse autoengano. Seu problema não é  este. 
Tanto o descrente quanto o religioso precisam de  Deus!  Assim como Jacó, precisam buscar a Deus no silêncio, na penumbra,  em lutas nas madrugadas insones... só você e Ele. Não mais o “deus” televisivo das promessas fáceis e fúteis, não mais o  deus do “venha a mim e acabaram os seus problemas”. Aliás, eu não creria  num Deus que me tratasse como um boneco ou um animal enjaulado dando-me  comida de hora em hora. Quero o Deus que liberta das amarras, que dá  sentido às coisas – mesmo aquelas mais desagradáveis.  Busco o Deus que  espera que eu viva os sonhos que um dia Ele plantou em mim, o Deus que  me faz crescer, me carrega no colo quando preciso, mas como Ele não me  quer infantilizado o resto da vida, me coloca ao chão tão logo eu possa  caminhar, e me diz: “Vai em paz... estarei sempre perto de você quando  precisar, mesmo que não perceba a minha Presença”. 
É Deus que você precisa, cara pálida. Nada mais
Por Daniel Rocha, pastor dadaro@uol.com.br 
Por Cris Corrêa


Olá!
ResponderExcluirExcelente texto!
Parabéns pelo belo trabalho apresentado aqui no blog.
Aproveito para lhe convidar a conhecer o meu blog, será uma honra.
Seus comentários também serão sempre bem-vindos.
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Te espero lá!
Graça, alegria e paz
Sem. João Marcos Bomfim